Câmara cassa o mandato de Eduardo Cunha, que fica inelegível até 2027 e promete "contar tudo" em livro; Brasília teme delação premiada do "homem-bomba"
Terça 13/09/16 - 7hA Câmara dos Deputados aprovou, minutos antes da meia-noite, a cassação de Eduardo Cunha, encerrando o processo iniciado em novembro de 2015. Anunciado às 23h50, o placar mostrou 450 votos pela cassação –193 a mais do que o mínimo necessário–, contra 10 pela absolvição, com 9 abstenções e muitas ausências. Cunha foi acusado de mentir aos colegas ao negar, em março de 2015, ter "qualquer tipo de conta" no exterior.
INELEGÍVEL
Em discurso no plenário, Cunha afirmou "pagar o preço" por ter autorizado o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Com a decisão de ontem da Câmara, fica inelegível até janeiro de 2027. Outra consequência é a mudança do foro onde ele será investigado e julgado pelas acusações de ser integrante do esquema de corrupção na Petrobras. Por ter perdido o foro privilegiado, seu caso deve migrar para a Justiça Federal no Paraná, com o juiz Sergio Moro.
LIVRO
Cunha acompanhou a votação no plenário da Câmara, onde foi presidente. Cassado, anunciou que escreverá livro, onde pretende "contar tudo". O grande temor em Brasília é de que resolva fazer uma delação premiada, com poder de sacudir os mais fundos alicerces da república. A manchete do jornal El Paiz resumiu:"Abandonado por aliados, Eduardo Cunha cai e vira homem-bomba".