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Mensagem: Caetana, a inexorável Manoel Hygino - Hoje em Dia Não só agosto traz desgosto como geralmente se crê. Não apenas o oitavo mês é aziago, como se pensaria, o que se depreende dos fatos registrados em julho de 2014. Depois do misterioso desaparecimento do vôo MH 370 da Malaysia Airlines, em 8 de março, desastres aéreos se repetiram e daquele sequer se encontraram vestígios da tripulação e passageiros a bordo, somando 239 pessoas. Abdução? Em seguida, o vôo MH 17, ainda da Malaysia Airlines, deixou 298 pessoas mortas, ao sobrevoar o Leste da Ucrânia, talvez abatido por um míssil, em meio ao complexo ambiente de tensão entre a Rússia e Ocidente. Houve mais. Na sequência, um jato com 118 passageiros e tripulantes sumiu dos radares entre Burkina Faso e Argélia. Era a terceira grave ocorrência na aviação comercial em apenas sete dias, sem falar na queda de um bimotor da Transásia, em Taiwan. Meras coincidências? Porque, cá entre nós, também sofremos no Brasil golpes no período. O irreverente escritor João Ubaldo Ribeiro, baiano e fumante inveterado, fugiu ao rol dos vivos, entre os quais os seus confrades na Academia Brasileira de letras. Legou inédito “O correto uso do papel higiênico”, que certamente trará novidades. Mineiro de Boa Esperança, cidade cantada em música e letra na composição de Lamartino Babo, subiu a lugar feliz Rubem Alves, embora pouco caso se tenha presentemente às boas e bonitas coisas do intermezzo terreno. Deixou escrito: “Compreendi, então, que a vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de mini-sonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira”. Finalmente, no entardecer de 23 de julho, Ariano Suassuna, largou as amizades e admiradores da Terra, para fazer alegria em novas companhias. Sofrera um AVC, foi operado em Recife e entrou em coma, para em seguida deixar seus seis filhos e quinze netos. Nasceu em 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital do estado, em 16 de junho, entre as festas de São João e São Pedro. Seu pai, João Suassuna, era governador da Paraíba. Após o mandato, mudou-se com a família para o interior. Quando Ariano tinha 3 anos, na revolução de 1939, um pistoleiro executou-lhe o pai com um tiro pelas costas, numa rua do Rio de Janeiro. Apontavam-no como mandante do assassinato de João Pessoa, que o sucedera no governo, também assassinado. Um dia antes, deixara carta aos nove filhos pedindo para não tentarem vingar-lhe a morte. Escritor feito e consagrado, querido, o autor paraibano, confessou: “Escrevo para enfrentar a transitoriedade. Não gosto da idéia de ter medo de morrer. A morte, na Paraíba, é uma mulher e se chamava Caetana. Eu me contento de encarar a maldita, se ela vier na forma de uma mulher, acolhedora, carinhosa, bonita e amante”. Se bela e afetuosa, não se pode dizer, mas ela chegou. Mas Ariano, como Rubens, o mineiro, e João Ubaldo, o baiano, foi juntar-se às centenas de vítimas das aeronaves sinistradas e outros desastres graves. Caetana é inevitável e inexorável, em vias aéreas ou terrestres.
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