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Mensagem: RECORDAÇÕES QUE NOS FAZEM VIVER Estão aqui, na minha frente, na mesa do computador, acima do monitor, as três figurinhas folclóricas de Montes Claros: o marujo, o caboclinho e o catopé ao lado da Igrejinha dos Morrinhos na sua poética simplicidade. Quanta lembrança essas imagens me trazem do inicio de minha vida profissional nessa cidade. Ainda jovem, 22 anos, funcionário público federal “concursado”, Agente da Estrada de Ferro cujo uniforme azul marinho, eu vestia com prazer e orgulho. Não conhecia a vida independente, sozinho no mundo, gerando recursos para manter a própria subsistência numa cidade grande. Fui morar numa pensão na Praça Dr. João Alves onde ficavam o Instituto Norte-mineiro de Educação e o Grupo Escolar Gonçalves Chaves. No centro da Praça, um cruzeiro. Quando a estiagem era grande, mulheres faziam procissão, umas de pedras na cabeça outras com garrafas d’água para deixarem nesse cruzeiro, como penitência pra chover. Ali, naquela praça, morando na pensão, eu comecei a levantar o alicerce de minha vida: estávamos em l950. Para a época, o emprego era bom, o salário suficiente para viver. Porém, não me acomodei naquele emprego. Precisava de mais atividade. Estava procurando outro “que fazer” alem da ferrovia, quando me falaram do jornal que estava surgindo na cidade. Eu já havia feito reportagens para a Folha de Minas, como repórter amador e gostava do jornalismo. Quando, então, esse jornal de Montes Claros abriu suas portas, lá estava eu oferecendo-me como repórter. Vou trabalhar de graça, pensei. Quando vi, porém, um exemplar da primeira edição que já estava circulando, decepcionei-me. Era igual á velha Gazeta com artigos de fulano e cicrano, sem uma noticia sequer. Procurei o responsável e falei sobre o que eu pensava, pontificando-me a fazer umas reportagens. Relutou em aceitar porque não poderia manter um repórter. Mesmo assim, parti para o trabalho. Fiz uma reportagem sobre os emigrantes nordestinos que enchiam as plataformas da Estação férrea, onde muitas vezes, dormiam em total promiscuidade, enquanto esperavam o trem para São Paulo. Zezinho Fonseca que era o gerente do jornal mostrou a matéria ao linotipista que, também, era jornalista. Os dois gostaram da redação e a reportagem foi publicada. Um sucesso, entre os leitores tornando o jornal conhecido e lido em toda cidade. Por isso, Zezinho Fonseca, pediu pra eu continuar escrevendo e fazendo reportagens. O jornal mudou de rumo, fazendo nascer em Montes Claros a imprensa de fato. Fiquei no jornal e na Estrada de Ferro, conciliando os dois empregos. No jornal fiquei quatro anos. Em 1954, nuna viagem que fiz ao Rio de Janeiro para tratar de assunto do jornal, fiquei sabendo que a Companhia Nacional de Navegação Aerea estava procurando um radiotelegrafista para trabalhar em Montes Claros. Fui, então, à Rua do México 11 o endereço que me forneceram. Fiz os testes exigidos e fui admitido, ficando de enviar os documentos exigidos quando chegasse a Moc. Afastei-me um pouco do jornal, por falta de tempo. Em 1958, fui transferido pela EFCB e depois, pela Nacional para o Rio de Janeiro onde, até hoje, me encontro. Não deixei o jornalismo. Continuo escrevendo, graças a Deus e aos amigos leitores. JOSÉ PRATES(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)
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