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Mensagem: Virgílio Preto Ontem almocei com amigos montesclarenses. Amigos desde o ano de 1959, dos meus tempos de solteira, quando toda a nossa família se mudou de Salinas para Montes Claros. Sou encantada com almoços familiares, prefiro-os a qualquer festa pomposa. Também os prefiro em casa, no aconchego das salas, servido pelos empregados antigos - não estranhos, contratadas apenas para o evento. Haverá algo mais saboroso que rosbife com cogumelos, batatas ao forno em finíssimas rodelas, salada variada e arroz, branquinho e solto,acabados de sair da cozinha ? E a sobremesa ? Doce de mamão ralado com a casca, compota de goiabas vermelhas e fatias de queijo de Minas, curado. Ô delícia !!! Música é a algaravia dos primos mais moços que se reencontram, dos irmãos que também são compadres, notícias dos que estão no exterior, risos e histórias antigas dos mais velhos... Como também gosto das genealogias, e os Versiani dos Anjos são numerosos e muito entrelaçados com os Veloso,me pediram informações sobre o Vovô Antoninho - o Coronel Antônio dos Anjos. Mamãe – Wanda Veloso dos Anjos Ramos - foi morar com ele aos dez anos, depois da morte súbita do meu avô José Versiani dos Anjos.E me contava suas histórias. Na verdade ele deveria se chamar Antônio Rodrigues Froes, mas sua mãe pediu ao marido que o registrasse Antônio dos Anjos,para que o sobrenome dela não se extinguisse. As pessoas estranham que ele seja irmão do tio Juca Froes. Os irmãos do Vovô, além do Juca Froes (José Rodrigues Froes), eram Tia Júlia, Francisco Minervino (avô do Darcy Bessone) e João (avô do Múcio Ataíde). Prometi conseguir uma foto de 1928, do maquinário importado da Alemanha para a sua famosa fábrica de botões, que o fez perder todos os bens, mais tarde. Intriga-me como chegaram até Montes Claros aquelas máquinas gigantescas, quando os trilhos da via férrea ainda estavam distantes. A conversa amena prosseguia, até nos lembrarmos do Virgílio Preto, comprador de gado para “Seu Benjamim da Anglo”, creio eu. O nome dele era Benjamim Pinto Veiga Soares, e morava na Avenida Francisco Sá, mas todos o chamavam Seu Benjamim da Anglo. Assim como chamávamos Virgílio de Virgílio Preto. Ele costumava ir à nossa fazenda Canadá - do meu pai Lúcio Ramos- e não se demorava depois de ´apartar´ os bois. Aceitava apenas um café com requeijão de Salinas, ou alguma fruta da chácara, mas uma noite as chuvas o prenderam, teve de pernoitar. Era garboso, empertigado, muito seguro de si, e o rodeávamos, porque tinha boas histórias. Chegava num cavalo alto, bem arreado, e falava bem, o que me encantava. Um dia se esqueceu de tirar as esporas e deixou marcas na sala de Mamãe. Dona Wanda sempre foi muito cuidadosa com horários das refeições, jantávamos bem cedo. Virgílio se levantou no meio da noite, foi à cozinha, abriu a geladeira e encontrou sobras de uma feijoada servida no almoço. Não teve dúvidas. Esquentou-a no fogão a gás, procurou farinha de mandioca, que nunca nos faltava, e pimenta malagueta. Fez um bom prato, saboreou calmamente, deixou tudo em ordem e foi dormir outra vez, satisfeito e sossegado. Na manhã seguinte Mamãe ficou horrorizada, para ela era inaceitável uma refeição pesada, de madrugada.Falou com Virgílio que ele se cuidasse, que só devia comer feijoada no almoço. Porque não tomara um copo de leite morno ? Ou um chá de folhas de laranja? Nunca me esquecerei da expressão dele, mais perplexo que ela. -Ô, Wanda, mas você é besta ! Lá dentro da gente é escuro, e dentro de mim é mais escuro ainda, porque eu sou preto. Como é que meu estômago vai saber se é dia ou noite? Iara Tribuzzi, noite de maio de 2014 Esta crônica é dedicada à família do Cida Athayde Lima e José Carlos de Lima.Augusta Versiani Fernandes, neta da dona Mariana (irmã do Dr. Carlos Versiani), casou-se com um Ataíde de Coração de Jesus - Francisco de Sousa Ataíde. Isso está na História da Família Versiani. E uma filha deles, Maria Augusta Versiani Ataide (D. Cota), casou com Hermes Froes, sobrinho do Vovô Antônio dos Anjos. Outro encontro das duas famílias.
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