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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O BAILE DO CABIDE

Tirante o tiroteio de outubro de 1930, que deixou mortos e feriu o então vice-presidente da República,
Sr. Melo Viana, o acontecimento histórico mais lembrado tendo como palco a praça dr. João Alves, em Montes Claros, norte de Minas, é, sem qualquer dúvida, o Baile do Cabide, título que a imprensa local deu ao evento festivo-amoroso promovido por alguns jovens há 40 anos. Sim, passadas quatro décadas, centenas de montesclarenses ainda rememoram, não poucos com uma ponta de inveja, lances da bacanal. Recentemente, disse-me uma amiga que, reiniciadas as aulas naquele ano, o assunto não fora outro nos recreios do colégio das freiras.
Mas poucos, ou apenas os participantes, conhecem os fatos que levaram ao inusitado festim - para a época -, distorcidos propositada e maldosamente por pseudo cronista policial militante da extrema direita. Daí, simples farra de garotos e garotas sadios, releitura comportamental do que faziam com putas, velhos guardiães da moral e dos bons costumes regionais, ter-se transformado em caso de polícia e manchete de jornais. Em nome dos participantes da noitada inesquecível, e alguns deles não foram citados pela imprensa - razão pela qual omito o nome de todos -, escrevo estas linhas, para que a data não passe em branco. A verdade verdadeira dos fatos que levaram ao chamado Baile do Cabide, não contestados pelo inquérito policial, daí não ter sido instaurado processo, é a que se segue.
Num belo e ensolarado final de tarde do verão de 1974, turma de garotos da vanguarda local encontrava-se na residência dos pais - então em férias no litoral - deste narrador. O som, muito exigido naqueles dias, pifara de repente. Tristeza geral, pois ali estávamos para ouvir o novo LP do grupo inglês Jethro Tull, o antológico Thick as a brick. Que fazer? Jim, o mais prático e expedito da turma, tentou resolver o problema e, não atinando com a sua causa, saiu em busca de um técnico nosso amigo. Não tardaria a retornar da missão. Dri, o técnico convocado, pôs a coisa a funcionar, Jim levou-o de volta a casa, passou pela sua, merendou, e, quando voltou a dar o ar de sua graça, trazia a reboque cinco graciosas beldades com bolsas a tiracolo.
Nenhum de nós as conhecia. Haviam fugido de casa e flanavam pela cidade. Justamente na praça dr. João Alves, Jim as encontrara. Aguardariam ali, até às seis da manhã do dia seguinte, a chegada de um rico, poderoso e conhecido ruralista, pai de família - razões por não ter o nome nos jornais -, que as levaria de automóvel para conhecer Belo Horizonte. Também lhes prometera um banho de loja na capital. Ora, não podíamos permitir que as coitadas passassem a noite ao relento. E foi assim que tudo começou. Mas nenhum de nós imaginava a orgia dionisíaca que se seguiria. Tudo aconteceu com uma certa ordem, nada de suruba, devassidão, pândega, esbórnia, rapioca ou outros sinônimos inadequados e utilizados pela mídia impressa para descrever o festim. Prevaleceu o livre arbítrio. Tanto é que, uma das moças, de dezessete anos, a única menor de idade, lá entrou virgem e saiu virgem. Ficou apenas nos amassos, sarrinhos leves. Enfim, a mentira é sempre mais interessante do que a verdade, como disse o genial Federico Fellini após a estreia do seu Satyricon.

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