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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Prenúncio do fim de batalha Alberto Sena Por meio de um sobrevoo de avião à noite, chegando de Belo Horizonte, a gente pode avaliar o tamanho de Montes Claros porque as luzes oferecem os meios e os entremeios da dimensão da cidade. Desculpe-me a expressão, Montes Claros cresceu estupidamente. Essa é a verdade. E, claro, com o desenvolvimento a qualquer preço colhe hoje em dia os contrapesos do progresso, principalmente no quesito segurança. Mas em meio à metrópole inadvertidamente criada com a ajuda de gente vinda de todas as partes do País pelas BRs 040 e 251, a minha e a sua Montes Claros pacata, caríssimo leitor (a) ainda existe. Por mais incrível possa parecer. Peguei-a em flagrante delito quando tentava se deixar sufocar pela metrópole. Inda bem. Foi a tempo de impedi-la de praticar o tresloucado gesto. Quem tem olhos de ver e sebo nas canelas pra andar basta percorrer as ruas e encontrar resquícios de Montes Claros do passado nem tão longínquo. A cidade que teve a oportunidade de dar ao Brasil valores em todas as áreas das artes, pelas ruas estreitas e nas esquinas movimentadas do centro da cidade ainda encontram halos de nossos fantasmas a se perderem nos ares do clima seco. Particularmente, pude agarrar alguns no último momento a fim de mantê-los atualizados dentro da nova realidade desta cidade fadada a ser a capital da região metropolitana do Norte de Minas. Em vão foram os alertas dados nas últimas décadas. “Montes Claros, não cresça; e se crescer, sua alma sua palma”. De nada adiantou. Desobediente, mas ao mesmo tempo responsável por cumprir à risca o próprio destino, a cidade cresceu desordenadamente. E com o crescimento os problemas aumentaram à mesma proporção. Uma hora, a cidade vai explodir. O fato de estar distante durante tanto tempo nos faz ignorantes o bastante para não entender determinadas coisas numa estada ligeira na cidade em que não houve quem desse uma explicação plausível. Por que, meu Deus do céu, poluir a lagoa Pampulha de Montes Claros? Coisa desagradável transitar pela Avenida Magalhães Pinto, chegando ou voltando do Aeroporto Mário Ribeiro. A catinga lembra a estupidez poluidora da lagoa da Pampulha de Belo Horizonte, onde rios de dinheiro escorrem já faz décadas pelo ladrão rumo à foz do bolso de ditas autoridades inescrupulosas. A lagoa Pampulha de Montes Claros lembra doente terminal que viveu a vida toda em tratamento enriquecendo médicos e hospitais até soltar o último gemido. Os montesclarinos “ficantes” não perceberam, com o tempo, a poluição gradativa da lagoa da Pampulha de Montes Claros? Onde estavam todos? O exemplo da Pampulha de BH não serviu de lição para evitar o desastre da Pampulha de Montes Claros? Antes, muito antes do uso e abuso do asfalto impermeabilizador das ruas havia bloquetes e calçamento tipo pé de moleque. Esses tipos permitiam a respiração da terra por entre suas frestas. Não havia enchentes. As águas da chuva penetravam a terra e seguiam o seu curso. Antes, muito antes do uso e abuso das dinamites para exploração de minério de ferro e pedreiras, a cidade não tinha terremoto. É até engraçado dizer que a terra treme em Montes Claros. Treme de medo e de dor porque terra é gente como a gente. Não é humana, mas a cada explosão em série precisa se acomodar como gente humana se acomoda na cama quando algo a desperta do sono reparador. Os técnicos não veem nenhuma evidência entre uma coisa e outra. Montes Claros sempre teve clima quente. Mas agora está mais quente. Quem vive fora e chega à cidade pode dizer com convicção. A cidade está hoje dentro de uma bolha de calor refletido pelo asfalto das ruas e pelo concreto dos edifícios. Os famosos espigões fazem Montes Claros crescer para cima. Diante deste quadro pintado, digno de ser assinado por um pintor daqui ou dali, vai mais um alerta para Montes Claros: por favor, não cresça mais. A continuar nesse ritmo desenfreado, a cidade ficará insuportável tanto quanto qualquer outra capital. Quando isso acontecer, e já está acontecendo, não haverá na região nenhuma caverna onde refugiar a multidão desarvorada em busca de um lugar para se esconder porque as explosões incontidas, em nome do desenvolvimento já terão destruído todos os ambientes. Quando isso acontecer, e já vai acontecendo, os nossos fantasmas também irão pelos ares. E a nossa batalha, enfim, estará perdida.

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