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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 12 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Júri 11 anos depois de crime com suposta motivação homofóbica acontece em BH - Zootecnista e o filho devem ser julgados hoje na capital pela morte do bailarino Igor Xavier, em Montes Claros. Entidades consideram que crime foi motivado por homofobia. Luiz Ribeiro. O julgamento do zootecnista Ricardo Athayde Vasconcellos e do filho dele, Diego Rodrigues Athayde, acusados do assassinato do bailarino Igor Leonardo Xavier, há 11 anos, está marcado para hoje após ser adiado por três vezes. Igor foi morto a tiros aos 29 anos, em Montes Claros, no Norte de Minas, no dia 1º de março de 2002. A sessão de hoje é aguardada com expectativa por parte de entidades de defesa das minorias, que consideram que o crime tenha sido motivado por homofobia. “Pela primeira vez, acusados de homofobia vão a júri popular. Esse caso será emblemático e vai servir de exemplo para o Brasil e para o mundo para que venha acabar com a impunidade dos homofóbicos”, disse o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno Fonseca. O bailarino foi assassinado no apartamento do zootecnista, depois que os dois se encontraram em um bar, no Centro de Montes Claros. Ricardo Athayde confessou que cometeu o homicídio porque a vítima teria assediado seu filho. O advogado que defende Ricardo e Diego, Maurício Campos Júnior, sustenta que não houve homofobia. “O fato nem de longe constitui crime homofóbico. Aliás, o próprio juiz responsável pelo processo em Montes Claros afirmou que nem mesmo a acusação versava sobre homofobia. Lamentavelmente, a família da vítima vem mobilizando entidades de defesa da diversidade sexual, transformando esse julgamento em uma bandeira”, disse o advogado. Maurício negou ainda que Ricardo Vasconcellos tenha dito que assassinou Igor por ter rejeição a homossexuais, argumento que teria despertado a atenção das entidades de defesa das minorias em relação ao crime. “Isso foi uma mentira que inventaram. O réu agiu porque a vítima bolinou os órgãos do filho dele”, disse Campos Júnior, que preferiu não adiantar a os argumentos de defesa que vai usar durante o júri. Por outro lado, ele disse que o zootecnista espera que os jurados “compreendam” que “ficou atordoado por causa do assédio ao filho”. Manifestações O início do julgamento está marcado para 8h30. O poeta Aroldo Pereira, presidente da Associação Igor Vive, criada em Montes Claros após o assassinato do bailarino, afirmou que cerca de 30 pessoas, entre parentes da vítima e integrantes da entidade, acompanharão o julgamento. Ele disse ainda que estão previstas manifestações e intervenções artísticas em frente ao fórum pedindo a condenação dos réus e o fim da impunidade dos autores de crimes contra os homossexuais. “A nossa expectativa enquanto amigos e familiares de Igor e integrantes da associação é que o julgamento ocorra de forma plena, sem nenhuma manobra da defesa dos assassinos e que o júri venha dar seu veredicto, promovendo a justiça. Afinal, é o primeiro júri popular de um crime assumidamente homofóbico da história do Brasil”, afirma Pereira. “Estamos com muita esperança de que se faça justiça e que os assassinos sejam culpados e paguem pelo crime. São 11 anos e seis meses de luta da família e do movimento LGTB”, disse o presidente da ABGLT. Ontem, ele esteve reunido com a aposentada Marlene Xavier, mãe de Igor, que viajou para Belo Horizonte para acompanhar o júri no Fórum Lafayette. Marlene disse que espera que a justiça seja feita e o julgamento dos responsáveis pela morte do seu filho tenha “um desfecho satisfatório”. Mas reclamou da demora para que os réus fossem julgados, atribuindo os adiamentos do júri a manobras da defesa. “Por causa dos adiamentos anteriores, a gente só terá tranquilidade mesmo depois do resultado do julgamento. Surpresas podem ocorrer. Mas estou confiante em Deus”, disse a aposentada. “Nunca promovemos qualquer manobra. Fizemos simplesmente a própria defesa dos réus”, argumenta o advogado Maurício Campos Júnior. Hoje em Dia - Acusados de assassinato de ator em Montes Claros vão a júri popular. Serão julgados nesta terça-feira (27) os acusados de matar e ocultar o cadáver do ator Igor Leonardo Lacerda Xavier em Montes Claros, no Norte de Minas. O crime aconteceu há 11 anos e o julgamento chegou a ser marcado outras duas vezes, mas foi adiado pela Justiça. Conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o zootecnista Ricardo Athayde Vasconcelos e seu filho Diego Rodrigues Athayde Vasconcelos se desentenderam com o ator e o mataram a tiros. Pai e filho foram denunciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e uso de artifício para alterar a cena do crime. Em julho de 2004, eles foram pronunciados pelo juízo de Montes Claros e determinado o julgamento no tribunal do júri. Além deles, Márcio Athayde Vasconcelos também foi denunciado porque teria arquitetato o plano de fuga dos executores, emprestado o carro e fraudado o local do crime. Mas, por falta de provas, ele não será levado a júri popular. De acordo com o MPE, o crime aconteceu em março de 2002 no apartamento dos acusados. Igor Leonardo teria ido até o local e acabou morto com vários disparos de arma de fogo. Após o assassinato, o corpo da vítima foi levado para as proximidades da BR-365. Ainda segundo a denúncia, a dupla teria limpado os vestígios de sange do apartamento para dificultar as investigações. Em sua defesa, o zootecnista alegou ter agredido o ator porque ele teria assediado sexualmente seu filho. Julgamento em BH Diante da comoção popular, o juiz do Tribunal do Júri de Montes Claros, Antônio de Souza Rosa, pediu o desaforamento do processo para Belo Horizonte - Segundo o magistrado, as manifestações fatalmente influenciariam os jurados e disseminariam a intranquilidade no julgamento. “Minha percepção é a de que, se for realizado o julgamento aqui, os jurados ficarão espremidos entre duas forças conflitantes e com igual potencial para tentar macular o livre discernimento deles”, concluiu. Ainda segundo o juiz Antônio Rosa, os defensores da memória da vítima propagam que o crime foi motivado por homofobia, querendo transformar o fato em uma causa social e provocando impacto na percepção dos fatos pela comunidade local. O magistrado explicou que essa motivação não consta da acusação e não foi acolhida na setença de pronúncia, que determinou que os réus fossem levados a júri popular. O julgamento dos acusados chegou a ser marcado outras duas vezes. Em 2007, a sessão foi suspensa porque havia um agravo contra a sentença de pronúncia, pendente de julgamento. Já em 2011 o julgamento foi novamente marcado, mas não ocorreu a pedido do advogado dos réus, que alegou que estaria, na mesma data, em um julgamento marcado em outra comarca.

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