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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: AMEAÇA À PRODUÇÃO DE FRUTAS

JOSE PRATES

Não dá para acreditar, porque não podemos imaginar autoridades governamentais autorizando a entrada no país, de frutas importadas do Equador, o que implica em grandes prejuízos à lavoura brasileira, principalmente na área de Janaúba e Jaíba no norte de Minas, únicos produtores de frutas na região, especialmente banana. Todo o esforço e dedicação desses agricultores em anos e anos de trabalho serão jogadas por terra com a concorrência desleal da importação. Não dá para acreditar que pessoas do governo, principalmente do Ministério da Agricultura não conheçam a situação do país no que se refere à produção de frutas. Autorizar a importação de banana do Equador, como está sendo anunciado, é esquecer o trabalho brasileiro de revitalização da agricultura no sertão mineiro, com irrigações garantindo produção capaz de abastecer todo o norte de Minas e, também, exportar o que, em tempos passados, não acreditavam acontecer.
Foi grande o esforço para instalarr a agricultura no norte de Minas, saindo daquele quadro artesanal de enxada e foice e as queimadas como o meio de adubo. Nessas áreas, o camponês aprendeu desde criança a cuidar da terra e dela tirar o sustento, sem, contudo a ambição do comércio porque não se imaginava uma produção suficiente para isso. A grande extensão de terra inculta, sem habitação humana que tomou o nome de Jaíba, foi descoberta por caçadores em 1958 e comunicada a descoberta ao governo estadual que mandou verificar a área, nascendo, então o “projeto Jaíba” . Depois veio o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais (CAA) apostando na agroecologia e na defesa das comunidades tradicionais como estratégias para o desenvolvimento do campo e para fazer face as grandes concentrações de terra no país. Em Montes Claros, como todos sabem a atuação da CAA fez nascer uma área de formação e experimentação agroecológica, na perspectiva da convivência com o cerrado e o semiárido, se tornou referência em toda a região norte do estado. O Centro de Agricultura Alternativa (CAA) presta assessoria técnica aos agricultores, tem projetos institucionais e vende a sobra da sua produção. Possui uma horticultura, sistemas agroflorestais, um viveiro de mudas, criação de animais e um banco de sementes crioulas, chamado Casa Regional das Sementes. A replicação desses conhecimentos é feita nas comunidades da região, em parceria com cooperativas, sindicatos e associações, além dos agricultores familiares. Vê-se que houve uma grande trabalho não só dos agricultores mas, também, do governo estadual para chegar ao ponto em que se encontra hoje a produção frutífera, ameaçada, pela importação pleiteada que não deve acontecer porque não há necessidade disso, segundo porque está ameaçando a produção nacional de frutas que levou tempo e muito trabalho para chegar onde está. .

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)

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