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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: AS AUTORIDADES ACORDARAM E A FERROVIA VEM A

José Prates

Dizem que nunca é tarde para reparar um erro e eu concordo. E agora, o reparo de um grande erro de autoridades do passado, que atingiu boa parte do país, parece que foi anunciado em audiência pública em Montes Claros, há poucos dias, quando o Superintendente da Agencia Nacional de Transportes Terrestres, informou oficialmente que será construída uma ferrovia moderna com bitola larga, velocidade prevista de 80 kms hora, entre Belo Horizonte e Candeias na grande Salvador, destinada ao transporte de carga, o que confirma a publicação, agora em julho, da Superintendência de Infra-estrutura e Serviços de Transportes Ferroviário e Cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo esse projeto já aprovado, a ferrovia obedecerá ao mesmo traçado da velha, com pequenas modificações. Vai cortar 52 municípios, sendo 27 em Minas Gerais e 25 na Bahia. Isto acontecendo, colocará o pais bem servido de transporte terrestre o que é esperado desde muito tempo passado. Esse projeto é, sem dúvida, uma notícia alvissareira porque nos dá a certeza de um empreendimento que está se propondo a proporcionar um grande desenvolvimento na região atingida, com a garantia de transporte rápido de passageiros e escoamento da produção regional com rapidez e frete baixo O mais interessante e deve ter sido objeto de longos estudos, é o financiamento da obra por empresas privadas que, naturalmente, ao final, irão administrá-la, fugindo ao controle do Estado ou da União que até hoje, não mostraram capacidade para uma administração com vistas ao progresso da capacidade da estrada, como vimos na antiga ferrovia, cujos trilhos chegaram ao Norte de Minas nos anos vinte do século passado, quando uma velocidade horária de 30 kms satisfazia às necessidades da região. Para se ter uma idéia da morosidade desse transporte, a viagem Montes Claros a Belo Horizonte, cerca de 450 kms, era feita em vinte horas, com o trem numa velocidade média horária de 22 kms, o que, naquele tempo, era normal pela ausência de transportes rápidos como os que temos hoje. Ao passo que o transporte auto-motriz foi-se desenvolvendo com carretas de grandes capacidades e os ônibus conduzindo passageiros a longas distancias, as velhas estradas de ferro que não passaram por nenhuma modificação, foram se tornando obsoletas, perdendo a utilidade até seu abandono total, como estão hoje.
Em 1955, candidato a Presidente da República, o doutor Juscelino Kubitscheck de Oliveira, lançou em sua campanha o binômio “energia e transporte” como objetivo principal do seu governo, tendo em vista as dificuldades com que lutava o país no transporte a longas distancias de carga e passageiros, porque não existiam rodovias em condições de tráfego para lugares distantes e as ferrovias, o principal transporte de então, para esses lugares, não ofereciam condições de conforto para os passageiros que se sujeitavam ao desconforto por longo tempo. Juscelino, eleito, cumpriu o prometido dando inicio a abertura de estradas pavimentadas ligando as principais regiões do país; promoveu a vinda da indústria automobilística estrangeira que se instalou em São Paulo e, também, incentivou a fabricação de caminhões na Fabrica Nacional de Motores que lançou o chamado Fê Nê Mê (FNM), mas, esqueceu a ferrovia. Depois que foram lançados os primeiros veículos pesados, começou, então, devagar, o transporte rodoviário que foi crescendo ao passo que a indústria automobilística ia-se desenvolvendo. Começou o, então, o declínio mais acentuado das ferrovias que sem qualquer reaparelhamento, não tinha condições de concorrer com a eficiência e velocidade do transporte rodoviário que crescia rapidamente com veículos rodoviários de grande capacidade que, aos poucos, foi substituindo as velhas e ronceiras ferrovias. O Presidente Juscelino nem os seus sucessores tiveram a idéia ou o interesse em renovar essas ferrovias, preferindo abrir rodovias que passaram a cortar o país de norte a sul e de leste a oeste, enquanto os trilhos iam sendo abandonadas, até desaparecerem. Agora, porem, parece que as autoridades acordaram para as necessidades do transporte de carga e passageiros e essa nova estrada virá como solução. Parece que virá.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)

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