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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A fortuna

Manoel Hygino - Jornal “Hoje em Dia”

O comportamento de Francisco, o papa, causa certa surpresa ao mundo acostumado a ver pela televisão a grandeza material da Igreja em Roma. Os que conhecem a história do catolicismo, porém, não se escandalizam, considerando como se construiu o império eclesiástico. Novos caminhos podem surgir com o pontífice que nasceu em Buenos Aires e que se guia pelas lições do outro Francisco, o de Assis.
Para Eamon Duffy, historiador, dignidade do papa simboliza o próprio governo divino de seus corações, mentes e consciências. A presença de Francisco no Vaticano pode contribuir para resgatar a imagem corroída da Igreja, que tem em arcebispos, bispos e sacerdotes presença nos distantes rincões do mundo.
Estas considerações eu faço ao ler o testamento de João Antônio Pimenta, primeiro bispo diocesano de Montes Claros, nascido em 12/12/1859, em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, que pertencera ao município de Minas Novas.
Ordenado em Diamantina, regeu as paróquias de sua cidade natal, de Água Boa, Piedade de Minas Nova (depois Turmalina) e Teófilo Otoni, antes de ser nomeado coadjutor do bispo de Porto Alegre.
Mas não posso estender-me, que este espaço é restrito. Enfatiza o bispo no seu último documento, após 45 anos de múnus pastoral: “Fui sempre pobre, não tendo podido fazer jamais economias superiores a vinte contos de réis, se é que tenha possuído algum dia bens que em tanto pudessem ser estimados.” Ajudou, no pouco que podia, os parentes em suas necessidades. Declarou: “Nada possuo na atualidade, a exceção dos objetos de meu uso; pelo que nada tenho de deixar de herança, a não serem estes pequenos objetos de muito pouco valor. Obrigado a trabalhar por minha diocese por deveres do cargo que ocupo, a ele pertencem quaisquer quantias, que achando-se em minhas gavetas, armários ou malas na ocasião de minha morte, não tenham destinação própria. Se houver dinheiro suficiente, que se mandasse celebrar 30 missas gregorianas.
Afirma que o palácio diocesano de Montes Claros, construído por ele, não lhe pertence, mas à diocese. Dispensava as coroas mortuárias, “de tradição pagã, que só servem para lisonjear a vaidade dos vivos. E um adendo: “Reine sempre na família a mais perfeita união”.

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