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Mensagem: Ficção e realidade Waldyr Senna Batista Na novela da televisão, o personagem de Dias Gomes – o prefeito Odorico Pagaguaçú, de Sucupira – baixou decreto obrigando os burros da cidade a usar fraldas, para evitar o emporcalhamento das ruas. Aqui, ainda não se chegou a tanto, mas promete. Por enquanto, as carroças puxadas a burro deverão ser emplacadas, com números, e os animais nelas utilizados, marcos a ferro em brasa, com a numeração da carroça, a fim de que se identifiquem os verdadeiros culpados pelos entulhos lançados em terrenos baldios e outros locais impróprios. Uma medida coercitiva, cuja finalidade é levar os donos de carroças a cumprir determinação da Prefeitura, que vai designar os locais onde os carroceiros poderão lançar entulho e lixo. De certa forma, trata-se de retorno aos tempos bucólicos, em que carroças e bicicletas eram emplacadas mediante o pagamento de taxa. Desde então, a cidade evoluiu, o município criou outras fontes de receita, o que invalidou o discurso usado por políticos espertos para condenar as medidas com fins eleitoreiros. Nas urnas, o sucesso foi imediato, sob a alegação de que ciclistas e carroceiros não deveriam ser taxados pelo poder público, que, ao fazê-lo, estava tirando o pão da boca de pessoas paupérrimas. No caso dos ciclistas, com a agravante de que, periodicamente, as “magrelas” não emplacadas eram apreendidas e lançadas, aos montes, em carrocerias de caminhões da Prefeitura. Uma desnecessária exibição de força. Com a reedição do emplacamento das carroças, agora, a intenção alegada é de caráter estético e sanitário, porque não é admissível que, numa cidade que se apresenta como evoluída e civilizada, restos de construção continuem sendo lançados a esmo. O emplacamento dos “veículos” e a marca a fogo do animal, segundo se alega na Prefeitura, tem apenas o propósito de facilitar a identificação do dono do animal, para aconselhamento e solicitação(ao dono do animal, e não ao animal, claro) no sentido de colaborar com a cidade. Apesar das boas intenções e dos esclarecimentos, dificilmente a medida alcançará os objetivos almejados. A experiência ensina que medidas coercitivas que não sejam acompanhadas de penalidades dificilmente obtêm êxito. No início da vigência delas, talvez sim, mas, com o passar do tempo, tudo tenderá ao retrocesso. Mas não custa tentar. É mais ou menos como no caso dos mototaxistas. Não há como controlar o exercício dessa atividade, que surgiu como consequência do desemprego e já envolveu na cidade segmento estimado em cinco mil pessoas, que prestam serviço de utilidade, principalmente quando se refere ao transporte de pequenos volumes. No tocante à condução de passageiros, há restrições, devido ao elevado risco, que faz encher os consultórios dos ortopedistas e as enfermarias dos hospitais. Essa talvez seja a distância entre ficção e realidade, que Dias Gomes soube manipular como ninguém, com personagens que ficaram no imaginário, entre eles o Pagador de Promessas. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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