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Mensagem: Paisagens que são do passado Manoel Hygino O brasileiro teria uma excelente atração turística se os vapores do rio São Francisco estivessem operando como em velhos tempos. Lamentavelmente, o Brasil – ou os brasileiros – não contribui para preservação do passado, que é belo e glorioso. Entusiasma-se com o que é novo, caro e importado. Veja-se no caso de nosso sistema ferroviário, essencial ao desenvolvimento do país, à integração nacional, reduzido a trechos ainda operados ou a circuitos turísticos. Não fossem as estradas de ferro estaríamos parados em muitos setores. O São Francisco, descoberto por Américo Vespúcio em 4 de outubro de 1501, se tornou ao longo dos séculos outro grande instrumento de desenvolvimento e integração. Para os índios, era o rio Opará, o rio-mar, um mar que corre pelo interior do maior país da América Latina. As povoações se formaram ao longo de seu curso, viraram cidades, e as pessoas passaram a ignorar a importância social e humana da sua via mais preciosa. Suas águas perderam em qualidade e diminuiram em quantidade. Quem andou por ali ou ali mora sabe perfeitamente que o São Francisco perdeu imensamente em vigor e grandeza. A despeito de iniciativas dignas para protegê-lo, não conseguiu sensibilizar o poder público para sua salvação. Nem se avalia a sua importância para produção de energia elétrica e para transporte de cargas e pessoas como outrora. Em suas margens construiu-se uma nova civilização, a que não se prestigia ou ampara. O grande empreendimento, recente preconizado, é o aproveitamento de suas águas mediante a transposição, a aventura mais nova. Pobres águas, que não são as de antigas épocas, porque poluídas por indústrias ou pela população, sem maiores perspectivas de afirmação pessoal ou profissional. Desapareceram da paisagem os vapores que, em determinada fase, integravam a frota da Navegação Baiana e da Navegação Mineira, que transportaram milhares de homens e mulheres, inclusive excursões religiosas, até Bom Jesus da Lapa, no sertão da Bahia. Curiosamente, me lembro que, para uma recepção ao presidente João Goulart, naquela cidade, buscaram-se os peixes em Mato Grosso. Não dá o que pensar? Em todo caso, façamos uma pausa. Para festejar sentimentalmente o vapor Benjamim Guimarães, construído há 100 anos por James Rees Sons & Co, e que agora precisa de tratamento em Pirapora. É um dos últimos marcos de uma era gloriosa. Em todo caso, o Banco Mundial promete revitalizar o rio e o transporte fluvial. Vamos ver.
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