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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Catrumanos se dão bem em todo tipo de casa. Muitos comerciantes da terra batizaram seus pontos com essa palavra. Quem ainda não entrou na “Casa Alves”, na rua Quinze (Presidente Vargas) com Praça Dr. Carlos? A Faculdade de Direito do Norte de Minas foi batizada, por mim, quando seu Diretor, de “Casa de João Luiz de Almeida”. Casa era tão importante para os ingleses do início do sec. XIII, que eles cunharam o magnífico lema: “My home, my castle”. A Igreja sempre foi cognominada “Casa de Deus”. A umbanda consagrou até a “Casa de Mãe Joana”. Dizem que os chamados afrodescendentes estão pensando em exigir do Vaticano um regime de cotas, pois só há dois santos negros: Cidinha e Bené. Cidinha tornou-se padroeira do Brasil. Bené o patrono dos nossos catopês, marujos e caboclinhos. Casa é, pois, aconchego, lugar sagrado, recanto de amor, paz e carinho, cantinho de descanso e sossego, altar de cada um de nós. Ou, ainda, como diz o poeta Georginho Júnior, “lugar onde um tal Bala Doce faz sua literatura, sem terno, chatice e gravata, caracterizando um modo de ser de quem ama profundamente a liberdade”. Maluquice-beleza. Sim, poeta, maluquice-beleza, mas muito mais dos acadêmicos que, no final dos anos 70, tornaram-me titular da cadeira nº 34, da Academia Montes-clarense de Letras, como sucessor do grande José Correia Machado, na presença de Cyro dos Anjos, que veio do Rio de Janeiro testemunhar a loucura. Larguei a chatice e a formalidade da toga para continuar trilhando caminhos libertários. Mas é a toga desvestida que hoje me provê materialmente para que eu possa me expressar através de meus livros, pelo “Jornal de Notícias”, pelo “Mural” e pela internet, em várias redes. E me inspiro muito no mestre Oswaldo Antunes. E tenho a sorte de contar com Luís Carlos Novaes, nosso Peré, meu editor amigo, e com Paulinho Narciso, meu querido crítico literário. Vocês acreditam que o pessoal daqui de Belô está me chamando de “Vinicius mineiro”? Será pelo fato de eu ter, depois da magistratura, dedicado minha vida à literatura e a outros movimentos culturais? Ter abolido dela coisas tais como reuniões, paletós, gravatas, meias, cuecas e horários? É muita honra para um pobre marquês essa comparação! Com uma menina de 94 anos que vive em minha aldeia é um pouco diferente. Nada de maluquice-beleza. Ela se dedicou, com muita seriedade, sem perder sua alegria e seu requintado senso de humor, a semear generosas sementes sem a ambição de colher frutos. É o protótipo da educadora. Uma lady. E como escreve gostoso! E como fala bem! Outro dia mesmo vi uma entrevista que ela deu a minha querida prima Felicidade Tupynambá, no Canal 20. Vi duas vezes, porque eles reprisam os programas. Coisa mais linda! Falou de nossa Academia. Ouvi-la ou ler o que ela escreve, são deleites para minh’alma. E me emociono quando ela se lembra de seu querido Olyntho, de cuja amizade sincera tive o prazer de desfrutar por longos anos. Os dois se tornariam muito grandiosos para uma só casa na Padre Augusto. Muita luz para lugar tão pequeno. A fulgurante estrela chamada Olyntho foi brilhar no firmamento, num recanto muito especial. E lá se encontra à espera da amada de sua vida, que nós não queremos deixar partir. Ele já deve estar se queixando da demora. Essa amada de Olyntho é realmente uma mestra. Nossa mola mestra. Líder inconteste de todo um processo cultural que vem fazendo uma verdadeira revolução em nossas plagas. Dentre os acadêmicos – e tive o prazer de conviver com os mais antigos, desde Cândido Simões Canela, Arthur Jardim de Castro Gomes, Simeão Ribeiro Pires e João Valle Maurício – ela é a estrela mais brilhante e merece, como ninguém, ter seu nome como epíteto de nossa Academia que, na verdade, é a filha que ela e Olyntho não tiveram. Que o nome dessa nossa musa atravesse gerações e seja sempre lembrado. Afinal, somos imortais, pelo menos no território de uma aldeia que nasceu entre montes tão claros e cuja grandeza se reflete neste nosso céu tão lindo. Viva a “Casa de Yvonne Silveira”!

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