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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Os cinco mil postes que não deram votos Um dos projetos mais ambiciosos de Toninho Rebello em seu segundo mandato, era o de colocar luz em todos os pontos da cidade onde não houvesse iluminação. Na campanha ele prometera que não deixaria um morador sequer de Montes Claros no escuro. E para que a promessa fosse cumprida, seria necessária a colocação de cinco mil novos postes nas ruas sem iluminação, segundo levantamento prévio feito pela prefeitura. Número que poderia crescer com o passar do tempo, pois com as indústrias que estavam sendo instaladas na cidade com os incentivos da Sudene, o crescimento de Montes Claros era um dos maiores do Brasil, chegando a atingir índices de 12% ao ano. Com este crescimento assustador, muitas ruas dos novos bairros que surgiam não tinham iluminação. E o povo, com razão, reclamava, pois a escuridão diminuía a segurança. Toninho sabia que iria custar caro, mas meteu na cabeça que ao concluir o mandato, não haveria uma rua sequer na cidade sem iluminação. E quando ele metia uma coisa na cabeça, sai da frente, pois não tinha nada que o impedisse de realizar. Assim, para que o programa fosse cumprido à risca, entregou sua implementação para seu secretário de Administração, Vivaldo Macedo. Como Vivaldo era vereador licenciado, a implantação do programa sob direção obviamente o ajudaria na reeleição. Pelo menos, era o que pensava Toninho. E Vivaldo se dedicou com intensidade para cumprir a meta estabelecida, também acreditando que cada poste instalado lhe renderia pelo menos um voto na urna na hora da reeleição. Mas para diminuir o natural ciúme dos vereadores da situação, Toninho deixava que todos tratassem do assunto de iluminação com Vivaldo, definindo onde e quando seriam instalados os novos postes. Assim, cada vereador, se tivesse competência, teria condições de assumir a paternidade da obra junto aos seus eleitores. Vivaldo não gostava desse critério estabelecido por Toninho, o que o obrigava a disputar com outros vereadores a paternidade de cada poste instalado. Mas tinha que ser dessa forma, pois Toninho, não abria mão do que havia estabelecido, já que não admitia que a administração beneficiasse ninguém. No fundo ele acreditava que Vivaldo teria mais competência do que os outros para usufruir eleitoralmente do programa. Quem na verdade mais se aproveitou do programa, eleitoralmente, foi o líder da oposição, o vereador Luiz Tadeu Leite. Tendo conhecimento da programação da prefeitura e sabendo onde seria instalado cada poste, ele anunciava em seu programa na ZYD-7, Boca no Trombone: ´Dona Maria, já fiz o pedido na prefeitura e na próxima semana a luz estará chegando à sua rua´. Vivaldo morria de raiva, mas nada podia fazer, pois Toninho fazia questão de que a programação assentamento dos postes fosse pública, aberta assim a todos os vereadores, inclusive os da oposição. -Mas Toninho, a gente bota a luz e o Tadeu é que fica com a paternidade da obra. O povo acredita em tudo que ele fala. - Vivaldo reclamava com Toninho, que replicava: ´se vira, Vivaldo, eu não posso proibir um vereador de ter acesso à programação da prefeitura, que é pública. Ganha quem tiver mais competência. E, sinceramente, eu acredito que você tenha. Afinal, você é quem gerencia o programa´. Os cinco mil postes foram instalados, com Toninho cumprindo em 100% a programação que estabelecera, não deixando uma rua sequer na cidade sem iluminação. Mas Vivaldo Macedo, o secretário que gerenciara o programa, não conseguiu retornar à Câmara Municipal. Teve pouco mais de 300 votos, nem chegando perto dos cinco mil que projetara - um voto para cada poste instalado. Mas não foi questão de competência, como Toninho acreditava que seria, que competência Vivaldo tinha de sobra. Foi questão mesmo de voto vinculado (assunto de outra crônica), que derrotou não apenas Vivaldo, mas outros vereadores de expressão, como Deosvaldo Pena e Juarez Antunes, ex-presidentes do Legislativo, e Geraldo Machado Filho e Alberto Fagundes, também ex-secretários de Toninho. Dos secretários de Toninho que se candidataram, certos de que a grande administração realizada os elegeria, apenas Joel Guimarães obteve sucesso. Foi um dos cinco eleitos pelo PDS, o partido do governo, massacrado pelo PMDB que elegeu 12 vereadores, entre os quais alguns ilustres desconhecidos na política local, como Conrado Pereira, Marcos Pimentel e Osmar Pereira. Elegeu também a primeira mulher vereadora, Aparecida Bispo. Mas a derrota de Vivaldo Macedo, o candidato dos cinco mil postes, foi a que teve maior repercussão na imprensa na época. Só não foi maior do que a eleição para prefeito do vereador Tadeu Leite, eleito o chefe do executivo mais jovem da história de Montes Claros, derrotando o médico Crisantino Borém, o candidato apoiado por Toninho. A luz que Toninho espalhara por todos os bairros não fora capaz de iluminar a cabeça dos eleitores na hora do voto. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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