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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Montes Claros há mais de trinta anos Depois de muitos anos revia a coleção do ´Montes Claros´, um dos primeiros jornais de minha terra. Foi como se a visse pela primeira vez, pois na idade em que a conhecera não podia me interessar por uma antiga coleção de jornal. Por coincidência, o professor João Câmara soube que eu estava com a coleção e foi vê-la. E, ainda, por coincidência, chegou o redator-proprietário do jornal, Antônio Ferreira de Oliveira, meu pai. Os dois, virando as folhas amareladas pelo tempo, recordaram o passado cheio de lutas pelo progresso de Montes Claros que, naquela época, estava no início do seu desenvolvimento cultural e social. E recordaram, também, as lutas políticas que aquele jornal tão bem retratava. Interessante é que, ouvindo os dois, eu observava que o prof. João Câmara revivia o passado com entusiasmo, ao passo que, aquele que fora o proprietário do jornal, parecia um tanto indiferente. Talvez, aquelas lutas lhe tivessem deixado recordações amargas. Talvez lhe tivessem custado desilusões e desenganos. Ou, então, preferia deixar quieta no fundo do coração a lembrança da mocidade que não volta mais. Eu me entusiasmei em lugar dele. Parecia que aquele passado, deixado nas páginas de um jornal, havia sido vivido por mim e o recordava com orgulho, porque era a demonstração de que grande parte da mocidade havia sido empregada pelo bem coletivo. Sim. Aquele jornal era o meu passado e no entanto eu tinha dois anos quando ele apareceu. Hoje tomo os dois volumes e leio alguns artigos e poesias. Quem havia de pensar que o professor João Câmara, sob os pseudônimos de Leverrier e José Cainca, pudesse ser assim ferino em artigos políticos! Vendo-o agora tão calmo e alheio à política, nos admiramos do seu ardor na mocidade. Jazom Theos - Dr. José Tomaz - que pouco depois fundou a ´Gazeta do Norte´, escrevia do Rio as ´Cartas Cariocas´, comentando, com brilho, os acontecimentos da grande metrópole. Vinham do Rio, também, as crônicas repassadas de poesia, de um estudante de medicina que se escondia sob o pseudônimo de Bizane e que foi colhido pela morte antes de se formar. Os editoriais eram escritos pelo redator-proprietário ou pelo Dr. Olintho Martins. Bem pensados, bem escritos, defendiam os interesses da região ou comentavam os acontecimentos políticos. Do redator-proprietário, sob o pseudônimo de João Anselmo, leio ainda ´Às quartas-feiras´, comentário dos acontecimentos da semana. Também, o Dr. Marciano Alves Maurício fazia numa síntese dos fatos ocorridos: ´Aqui,ali, acolá´. Ao ler os versos e artigos de Eugênio Detalonde e as referências que o jornal lhe fazia, tenho a impressão de que era um desses jovens entusiastas, espírito empreendedor, que muito ajudou no desenvolvimento social de Montes Claros.

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