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Mensagem: A VOLTA AO GRANDE SERTÃO - VEREDAS Glorinha Mameluque * O grande Guimarães Rosa afirmava: “Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.” Pudemos viver esta verdade, quando decidimos voltar às origens da família, viajando para Miravânia, atravessando várias veredas e refletindo: “ ai do sertão se não fossem as veredas. ” De repente, diante do sol escaldante, surge uma ali no meio da estrada, como um oásis de águas límpidas refletindo as árvores que a compõem: grandes palmeiras, de buritis ou outras espécies, que estão ali a acalmar a sede dos viajantes. Então nos veio a mente o grande Guimarães Rosa no seu “Grande sertão – veredas”. E vamos rememorando algumas de suas frases: “O sertão é dentro da gente...” Depois de algumas horas de viagem, chegamos a Januária e atravessando a ponte, vemos a agonia do nosso querido rio São Francisco que conhecemos majestoso, cheio de vapores ancorando no cais. Hoje, entre o cais e o pouco de água que existe, uma grande praia coberta de vegetação, levando o rio lá pra longe. Enquanto saboreávamos uma moqueca de surubim, contemplávamos com tristeza o que sobrou daquela beleza toda, que povou os dias da nossa infância e a de nossos pais e de nossos filhos. Seguindo viagem, vamos adentrando cada vez mais no grande sertão, castigado pela seca inclemente. E de repente, some o asfalto e adentramos numa estrada de terra, que divide o asfalto em dois, porque ali não se pode asfaltar, é reserva indígena, terra protegida por órgãos federais, mas que vem atrapalhar o progresso e retardar a viagem já tão longa. Muita areia, buracos, trechos estreitos que impedem a passagem de dois carros. Finalmente o asfalto outra vez para completar a viagem que nos leva de volta ao aconchego da família. Farto café com pão de queijo , brevidade e paçoca de carne seca, primos, tios, sobrinhos, amigos antigos. Na estrada de volta uma cavalgada, com muitos participantes vão colorindo a estrada de camisas vermelhas : crianças, jovens, adultos e até idosos. Uma parada à beira de uma vereda, para nos livrar da poeira da estrada de terra e fazer um pequeno descanso. E podemos até fazer uma comparação: se a vida é um grande sertão, ainda bem que de vez em quando aparecem as veredas para mitigar a sede e dar uma pausa no cansaço. A viagem vai quase chegando ao fim e nos lembramos novamente do grande Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso. Sempre acaba em morte.” Mas chegamos, sãos e salvos. Graças a Deus! *Advogada, psicóloga e escritora
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