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Mensagem: O futuro opaco Manoel Hygino - Hoje em Dia O recorte ficou ao lado de tantos outros. Ignoro o autor e em qual jornal o pequeno texto encontrou guarida. O Brasil inicia um novo período de sua história, mas possivelmente se enquadrem as considerações ao momento que vivemos: “O futuro é opaco e se nega a ser decifrado. Mesmo quando explorado pelas melhores inteligências, apoiadas nas mais recentes técnicas econométricas, ele se recusa a confessar qual o caminho que tomará. Essa realidade e a prudência levam a comportamentos defensivos. As autoridades responsáveis pela política econômica devem pesar cuidadosamente os riscos alternativos sem deixar-se imobilizar, mesmo porque não há caminho de custo zero. Os analistas, para preservar a credibilidade, procurarão acertar (ou errar) juntos”. Eis a questão. A hora é difícil. A alegria do Natal, da passagem de ano, das posses e pompas já se esvaiu. Não se ouve mais o foguetório, e o calendário praticamente vigora desde 5 de janeiro. Cabe ao povo, ao cidadão, aguardar as primeiras medidas governamentais, antecipando as vicissitudes e o ônus. Ou o júbilo pelos êxitos. Para onde estamos indo? As questões de sempre, em meio às dúvidas permanentes. É preciso enfrentá-las e dar-lhes resposta, porque o tempo não para e o futuro, qualquer que seja, somente espera. Alexandre Herculano escreveu: “Há muitas vezes na história, ao lado dos fatos públicos, outros sucedidos nas trevas, os quais frequentemente são a causa verdadeira daqueles, e que os explicariam se fossem revelados”. O tempo que vivemos exige que os registros acontecidos na escuridão sejam desvendados e amplamente conhecidos, para que não se cometam injustiças. Para consegui-lo, porém, exige-se isenção e honradez. Se voltássemos às raízes do programa republicano, que é de 1870, e nisso há mais de século portanto, veremos que os sonhos das gerações anteriores a 1889 não conseguiram corresponder às expectativas e à esperança. Nem as alcançaram em décadas de regime. Já não se convencia a sociedade que a reforma era complexa e abrangia todo o mecanismo social. Negá-las, dizia o documento, seria uma obra ímpia. Aprazá-la indefinidamente, constituiria um artifício grosseiro e perigoso. São quase setenta anos da queda do governo ditatorial de Vargas. O fato obriga indesviavelmente a lembrarmo-nos do Manifesto dos Mineiros, de 1943, quando se disse que o patrimônio moral e espiritual não sobrevivem ao desleixo. “Os bens materiais arruínam-se e se perdem quando a diligência do dono não se detém sobre elas. As conquistas espirituais também se perdem quando o homem as negligencia, por lhe parecer assegurada a sua posse”. Em determinado período, aduziu-se: “Desejamos retomar o bem combate em prol dos princípios, das idéias e das aspirações que, embora contidas ou contestadas, haveriam de nos dar a Federação e a República, não como criações artificiais de espíritos românticos e exaltados, mas sim com iniludíveis imposições de forças históricas profundas”. É o que penso agora.
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