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Mensagem: Reenchendo a caixa d’água Manoel Hygino - Hoje em Dia O governador José Francisco Bias Fortes, do velho PSD, criado por Vargas ao final de seu “curto período” de quinze anos à frente dos destinos nacionais, gostava em seus discursos, em tom solene e grave, de enfatizar que Minas Gerais era a “caixa d’água do Brasil”. Nas alterosas, de fato, têm nascentes e ganham volume, rios que asseguram comunicação, energia e o vigor da economia em extensas regiões do país. Como é relevante essa caixa d’água! Quando a nação passa pelas graves dificuldades como as da hora presente, a apreensão se amplia. Falta o líquido nas torneiras da maior cidade do país, mas ele também míngua no próprio território de nossa velha província. Seco o nascedouro do São Francisco, rio da unidade nacional, todo o Sudeste pena e põe em risco o sistema interligado de energia. A bela queda d’água na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, não há mais. É o novo retrato do Brasil que não chega às torneiras. Mais uma vez, as montanhas e os rios da terra de Tiradentes têm de ajudar os vizinhos. As águas da bacia do Paraíba do Sul, abastecedora dos três principais estados da região, são compelidas a auxiliar em hora de desdita, inclusive a bacia do Cantareira,em São Paulo. Assim, o governo federal estuda, em caráter de urgência, as instâncias de São Paulo, do governador Alckmin, e das lideranças políticas paulistas, para a transposição do Paraíba, cumprindo o mandato bíblico de dar água a quem tem sede. Minas é sempre lembrada nos momentos mais difíceis e delicados da nação, e não somente quando há assalto à liberdade como em 1943, e da gente das montanhas partiu o grave alerta contido no Manifesto dos Mineiros. Ao invés de proteger o velho Chico e seus afluentes, cuidou o governo da República na gestão Lula de lançar um projeto faraônico e demagógico de transposição da corrente para atender às demandas do Nordeste. Ignorou-se que o rio, nos últimos tempos, perdera força e grandeza, tanto que é já atravessado a pé ou a cavalo junto à grande ponte de Pirapora, mantendo-se em operação apenas uma turbina em Três Marias. Os períodos áureos se foram e, com eles, milhares e milhares de turistas deixaram de navegar por aquele belo e remoto rincão brasileiro, de gente trabalhadora e afável, a que muito devem a música e o artesanato mineiro. Ali, não há, nem nunca houve, navios, porque lá subiam e desciam “os vapores”, movidos a lenha, trazidos da América do Norte. Mas não dispunham os visitantes de Tio Sam da alegre acolhida dos barranqueiros, prestimosos e gentis, com frutas regionais, peixes magníficos e a aguardente que tornou Januária famosa. Quanto se foi perdendo pela falta de conhecimento e amor ao interior mineiro! A civilização também ingressou ali, víveres se destinavam às cidades maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro, excelentes consumidores. E há templos históricos, que a propaganda oficial até hoje não importou em divulgar, alguns mais velhos do que os das cidades históricas do ciclo do ouro. Retornemos, porém, aos dias de hoje: As chuvas voltaram na última semana de novembro. É hora de reencher a caixa d’água.
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