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Mensagem: ´9/11/1944 - Morre em ação, nas operações do rio Reno, Itália, Geraldo Martins de Sant’Ana, Cabo da Força Expedicionária Brasileira. Nasceu, em Montes Claros, a 29 de março de 1922, filho de Antônio Martins de Sant’Ana Primo e dona Josefina Cândida Sant’Ana...´ Montes Claros homenageia os 70 anos da morte do seu herói da II Guerra Mundial. Mensagem N° 75132 De: Neto Data: Seg 15/4/2013 11:54:45 Cidade: Montes Claros MG País: Brasil Prezados senhores, Quantos pais ainda restaram nos dia de hoje como esse pai montes-clarense que escreveu ao seu filho enviado para a II Guerra? Att, Neto 14/04/13 - Cabo Geraldo Santana: uma carta de pai para filho sexta-feira, 12 de abril de 2013 Este ano, coloquei-me na missão de pesquisar a respeito do meu único conterrâneo a morrer em combate na Segunda Guerra Mundial, Cabo Geraldo Martins Santana, que neste 2013 faria 90 anos de idade. Seu irmão caçula foi bastante gentil comigo, cedendo uma grande quantidade de documentação, que hoje está no arquivo da Sala de Guerra.Entre a documentação que recebi, uma carta me chamou a atenção. Emocionei-me muito da primeira vez que passei os olhos sobre este documento, perdido há quase 70 anos. As palavras nele contidas são as angústias sinceras de um pai entregando a vida do filho à nobre causa da defesa da Pátria - fato que o destino consumou apenas 13 dias depois. Geraldo Santana morreu em combate em 9 de novembro de 1944, sem nunca ter recebido esta carta; e é muita sorte que uma cópia tenha sobrevivido até nossos dias. Todos a quem mostrei este documento são unânimes em dizer que jamais viram algo semelhante sobre a FEB. É um testemunho de abnegação e dever patriótico que vai acima do amor familiar - quando o Sr. Antônio Santana despede-se do filho e pede-lhe para não sentir medo da morte. Sentindo-me no dever de compartilhar esta carta com todos vocês, faço dela, finalmente, imortal:Júlio César G.Antunes Montes Claros, 28 de outubro de 1944 Querido filho Geraldo: Saudades... Recebi do Quartel-General do Rio de Janeiro comunicação que foste incorporado à Força Expedicionária Brasileira. Não foi pra mim nenhuma surpresa, porque o soldado está sempre sob as ordens dos seus superiores e deve acatar essas ordens com todo o respeito. Foste incorporado porque era necessário que a Pátria insultada respondesse à agressão dos corsários Nazistas que agiram debaixo de espesso nevoeiro, matando nossos irmãos. Aqui, em casa, todos receberam com imenso orgulho essa notícia. Filho, jamais surja em teu cérebro o pensamento de um homem covarde. Seja firme no cumprimento do dever, principalmente quando a nossa Pátria foi traiçoeiramente atacada pelos vilões de além-mar. Não importa que o intenso inverno dificulte a nossa marcha ou que o sol abrasador faça demorar o avanço, o certo é que precisamos chegar até o fim do nosso itinerário ombro a ombro com as FORÇAS ALIADAS. Ainda me recordo daquela bela poesia que diz em uma de suas estrofes: Para a frente que importa a invernada, Temporal, inclemência de sois. Quem for fraco, que fique na estrada, Que a vanguarda é o lugar dos heróis. Pedimos a Deus para conservar tua pessoa ilesa das balas assassinas dos Nazistas; porém, se for do agrado do Altíssimo que o teu corpo tombe no campo de batalha, para que muitos outros vivam, seja feita a vontade de Deus. O ataque deve ser repelido embora sucumbam alguns dos nossos. Que papel faríamos se permanecêssemos de mãos cruzadas quando o inimigo comum tentou ultrajar a nossa soberania? Seremos por ventura alguma estátua onde o sangue não circula? É legal trair nossa tradição? Não, isto não. Dos túmulos de Caxias, do Tenente Antônio João, de Camisão e outros mais, ouviríamos o grito da dor do insultado dizendo-nos: Irmãos, hoje mais do que nunca o Brasil precisa vingar os seus filhos. Levai em resposta à agressão a esses Nazistas o brilho de uma baioneta empunhada para que os nossos sejam vingados. E, assim, acalmarão as ondas tempestuosas do mar furioso, e a bonança reinará para todos os povos do mundo, que foram vítimas dos sutis ataques do Eixo. Portanto, filho, não queiras ter maus pensamentos e jamais haja em tua pessoa o desespero. Seja também calmo. Porque todos nós temos que morrer um dia; logo, é desnecessário e mesmo indecente o desespero. Muitos se enganam com a morte. Ela não causa assombro a ninguém, porém enobrece a muitos. Se for preciso, morre em honra da Pátria e viverás eternamente. A tua lembrança ficará sempre conosco. Um conselho: conserve sempre a tua fé em Deus e jamais a deixe seduzir por outrem. Todos nós estamos indo bem graças a Deus. O que sentimos são saudades tuas, mas esperança de que em breve estarás aqui em Montes Claros conosco. Terminando, pedimos a Deus por tua pessoa e pela honra e glória do Brasil e o cabal êxito da FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA. Queira aceitar a benção de teu pai e os abraços que teus irmãos, tias e cunhados lhe mandam. Teu pai, Antônio Martins de Santana Primo
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