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Mensagem: A saga de Antônio Dó Manoel Hygino - Hoje em Dia A primeira edição é de 2006; a segunda, de 2011; a terceira, de 2014. O título parecerá algo estranho: “Serrano de Pilão Arcado, saga de Antônio Dó”. É tema típico norte-mineiro e do sul da Bahia. Yvonne de Oliveira Silveira, presidente vitalícia da Academia Montes-clarense de Letras, observa que a narrativa começa com descrição do rio São Francisco, “o grande caminho da civilização brasileira”, em cujas margens situam-se “Pilão Arcado e Pedras dos Angicos, os dois espaços fulcrais, em que se desdobram os acontecimentos”. Pilão Arcado é um lugarejo de homens valentes, desterrado de gente, quase uma cidade-fantasma, em decorrência das lutas sangrentas entre suas duas famílias principais. Antônio Dó nasceu em uma delas, bom moço, boa aparência, firme personalidade, sentimental, sem traço de violência, embora inculto. A grei, diante da inclemência e extensão da seca, decide abandonar o sertão baiano e transferir-se para o de Minas ou, quem sabe, para São Paulo. A mudança de território impõe novo itinerário à biografia de Antônio Dó, personagem real, autêntica, enfrentando o poder estabelecido e o poder político, que o obrigam a uma vida conflituosa, acompanhada de perto por todos os que moram naqueles recônditos rincões. Uma narrativa brilhante do escritor, historiador e advogado Petrônio Braz, cuja existência, seguindo o exemplo paterno, tem vínculo umbilical com a terra e sua gente. No prefácio da nova edição, Ivana Ferrante Rebello, doutora em Literatura da Língua Portuguesa, membro da Academia Feminina de Letras de Minas Gerais e do IHG de Montes Claros, registra que, “na madrugada do dia 14 de novembro de 1929, Antônio Dó foi assassinado. Com ele se perderia uma história essencial ao povo do sertão; história acontecida na contramão dos fatos oficiais e cujos segredos, aparentemente, seriam por muitos anos resguardados pelo mugido das vacas do curral, pelo sussurro do vento nos leques dos buritizais e pela voz do matuto contador de “causos”. O novo livro de Petrônio Braz, por óbvias razões, traz-nos à lembrança “Os Sertões”. Mas o tempo é outro, outro o personagem, o ambiente geográfico. Os sertões não são os mesmos. Antônio Dó não repete Antônio Conselheiro e seus objetivos, a maneira de ser e viver não são iguais, até dessemelhantes. Não há o fundamentalismo religioso do “profeta” do Nordeste, nem ele tem intenções de agrupar pessoas para um propósito coletivo, que para as autoridades da capital republicana visaria a restauração da monarquia. Antônio Dó, o homem, rebela-se contra a força e o domínio do mais poderoso, transformando-se na figura maior do sertão mineiro, perseguido e preso, temido e respeitado por todos, mesmo os inimigos protegidos do poder. Desvencilha-se de cada um, até que a morte o surpreenda, aos 69 anos, executado sem condições de defesa. Antônio Antunes de França, o Dó, não é Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, o santo ambulante que percorreu as terras do sertão da Bahia e do Sergipe, durante vinte anos no século 19, fazendo pregações, construindo igrejas e murando cemitérios. Mas na paisagem de áspera beleza, na sociedade agreste do norte mineiro, foi homem, fez-se mito e saga.
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