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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O Verdadeiro Rio São Francisco (sua disponibilidade) Atualmente, muitos se falam do “Velho Chico”, sua vazão; desmatamento; assoreamento e aí vai. Será mesmo que a água está acabando? Teoricamente não. A quantidade é a mesma desde que começou o mundo e até o final da existência das esferas, não vai aumentar e nem diminuir. Uns falam em aquecimento global sobre o planeta, outros da ação do “homo sapiens”. Segundo os Glaciologistas que estudam o perfil do gelo polar e, através da perfilagem, chegaram à conclusão que já houve vários aquecimentos há bilhões de anos, portanto - o homem pode acelerar os processos - mas, a estiagem e o aquecimento global não são recentes. Já participei de muitas expedições pelo Rio São Francisco e outros rios importantes. Cheguei à conclusão por meio da teoria de Malthus - Progressão Analítica (PA) e Progressão Geométrica (PG)- podemos entender porque o Rio São Francisco pode está secando. Enquanto o crescimento da população cresce de forma geométrica (2-4-8-16...) os alimentos crescem na forma aritmética (1;2;3;4;..), esta diferença substancial demanda mais água para produzir mais alimentos (para não faltar em breve). São vários grandes projetos de irrigação (agronegócio) e grandes industrias instaladas ao longo dos 2830 quilômetros do “Velho Chico” todos utilizam grande volume de água para manter a sustentabilidade e para isso tudo funcionar, vem a necessidade de grandes hidrelétricas gerar mais energia. Já temos grandes hidrelétricas, como: Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó e outras pequenas. Todas elas para gerar energia suficiente, têm que segurar (represar) mais água para atender a crescente população e a produção dos alimentos e conseqüentemente a redução da vazão do rio – é uma “faca de dois gumes”, ou ficamos com pouca água no rio ou teremos graves situações com a produção agropecuária; o consumo direto; saneamento básico e a atividade Industrial. É claro! Em detrimento do lazer e do transporte fluvial. Só para terem uma ideia da evolução do consumo de água, no Império Romano era necessário 20 litros de água por pessoa/dia; no século XIX; 60 litros/pessoa; agora no século XI são necessários 250 litros para cada pessoa/dia para preparo de alimentos, higiene e outros usos adicionais. Ai eu pergunto: Se o volume da água na terra não tem crescimento geométrico e nem aritmético como vamos nos dar com este alto crescimento de consumo? Não temos gestão adequada da água o IGAM e a ANA são órgãos virtuais. Os estudos do comportamento hidrológico do Rio São Francisco e seus afluentes são executados de forma precária pelas empresas usuárias, somente com estações Fluviométricas e pluviométricas distribuídas estrategicamente na região hidrografia, mais as medições de vazões instantâneas. - Que não é o suficiente. Os Comitês de Bacias NÃO são apoiados como deveriam e contam com poucos técnicos que são desestimulados diante da inércia dos governos municipais, estaduais e federal. Face dos estudos e pesquisas, a Organização das Nações Unidas (ONU-1) divulgou que, embora a acessibilidade à água seja direito fundamental do ser humano, em 2025 cerca de 50 (cinqüenta) países não terão água suficiente para atender suas necessidades, o Brasil ainda numa condição confortável mesmo assim muitas regiões serão afetadas, a pressão é constante o principal motivo é o aumento da população, obviamente com necessidade crescente do consumo de água, sendo que os maiores responsáveis são o crescimento industrial e a expansão da agropecuária intensiva. Finalmente, existe um cenário otimista; ou seja, segundo Chistofidis, até 2030, portanto, daqui há 16 anos 80% dos alimentos será produzido em áreas irrigadas e, para tanto a disponibilidade de água aumentará em 13%. É pouco. Mas se avançar com a tecnologia da engenharia de irrigação, associada à gestão apropriada dos recursos hídricos, a disponibilidade de água na calha do Rio São Francisco será melhor. Em tempo: Nas minhas participações em programas do Ministério do Meio Ambiente, entre eles, o Programa de Revitalização do Rio São Francisco e Água Doce, com construções de Estações de Tratamento de Esgoto – ETEs (licenciamentos) e dessalinização de água nas cidades e em comunidades rurais da Bacia do Rio São Francisco, somados as Expedições que foram para mim, uma reconexão com a natureza e comunidades, pude, conhecer a nascente (que ao contrário que estão dizendo não é primeira vez que secou, no final 1976 estivemos lá, estava úmida mas não tinha nem um filete D’água), em outras ocasiões, também, como expedicionário conheci a Cachoeira de Casca Danta com 230 metros de queda; Usina de Três Marias; Bom Jesus da Lapa; Barragem de Sobradinho ( maior lago artificial do mundo); Usina de Paulo Afonso, os Canyos com 150 metros de profundidade e seus paredões com pinturas rupestres; Juazeiro-BA e Petrolina-PE com seus 100.000 hectares de irrigação (uma mega produção de uva para exportação); Penedo; Piranhas; Ilha do Rodeadouro; e a hidrelétrica de Xingó –Canindé -SE ; Gruta do Angico e finalmente Piaçabuçu-AL e a Foz com o majestoso farol na posição da Torre pendente de Pisa. Voltando ao secamento do Rio São Francisco. Cabe o estado por intermédio do IGAM, a união pela ANA, usuários e outros órgão gestores, fazerem uma regulação do acesso a este bem público para garantir a sustentabilidades das atividades intervenientes. São muitos diagnósticos, reportagens e pouco estudos. Então. Não temos certeza que o Rio São Francisco está morrendo ou passando por um ciclo hidrológico severo. A sazonalidade da vazão ainda é incógnita diante destes 513 anos que Américo Vespúcio (primeiro navegante do “Velho Chico”) conheceu sua Foz e subiu acima. Faltam muitos estudos e ações. (*) José Ponciano Neto é Técnico em Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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