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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Se não chover até outubro, metade do Jaíba vai parar -- Queila Ariadne - “Por falta d’água, perdi meu gado, morreu de sede meu alazão”. Impossível não lembrar dos versos de “Asa Branca”, cantada por Luiz Gonzaga, ao passar pelo Norte de Minas. Segundo dados da Defesa Civil, das 148 cidades que já decretaram estado de emergência no Estado neste ano, 85 estão lá. Em Janaúba, não chove há nove meses e há um ano o abastecimento para a irrigação foi cortado em 50%, obrigando os produtores a abandonarem lavouras. O que lá já aconteceu agora assombra o Jaíba, onde 27 mil hectares (ha) de área plantada só sobrevivem graças à irrigação, que depende do rio São Francisco. Se não chover até outubro, esse oásis em meio ao sertão mineiro só funcionará pela metade, colocando em risco uma produção anual de mais de 1 milhão de toneladas de frutas. Mas as previsões dos serviços meteorológicos indicam chuva só para meados de novembro. O projeto bilionário custou aos governos federal e estadual cerca de R$ 1,5 bilhão. É dividido em dois distritos, um com 10 mil ha e outro com 17 mil ha, ambos irrigados por bombeamento. O sistema funciona normalmente com uma vazão de 20 m³/s de água, mas já está com 15 m³/s. Se o São Francisco não encher, o volume será reduzido para 10 m³/s. Neste nível, as bombas não conseguem mais captar, e a saída será o racionamento. “Hoje irrigamos os dois distritos todos os dias. Se atingirmos esse pior cenário, sem um bombeamento auxiliar, não dá para garantir água para as duas etapas o tempo todo e passaremos a racionar. Um dia irrigaremos o Distrito 1, e outro dia irrigaremos o Distrito 2”, explica o gerente do Distrito de Irrigação do Jaíba (DIJ 1), Marcos Medrado. Esse bombeamento auxiliar já foi requisitado à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que coordena a etapa 1 do projeto. Mas ainda não veio. O gerente da área de produção pela Codevasf, Paulo Roberto Carvalho, afirma que o sistema de bombas flutuantes já está sendo licitado, com um custo de R$ 12,3 milhões e, após a licitação, pode ser instalado em 60 dias. “Não é algo simples, tem que ser feito. E é uma situação totalmente nova, pois nunca vimos uma seca assim desde 1931”, afirma Carvalho. Racionamento. Como a bomba não ficará pronta em menos de dois meses, nem a chuva deve cair antes disso, o Jaíba não escapará do racionamento. Até 30 de setembro, o Operador Nacional do Sistema (ONS) garante a vazão de 160 m³ em Três Marias, que alimenta o rio. “A partir de outubro, vai baixar para 150 m³/s, aí teremos que avaliar. Se a situação não mudar e não chover, o racionamento começa em outubro mesmo”, diz Carvalho. O presidente da Ruralminas, Luiz Afonso Vaz de Oliveira, que é responsável pela gestão da etapa 2 do Jaíba, também confirma que, se a situação permanecer inalterada, haverá racionamento. “Cê tá doida moça, as consequências serão muito graves. Produção cai, produtividade cai e tem desemprego. Só aqui dentro dos dois perímetros de irrigação moram 28 mil pessoas”, afirma Oliveira. *** O Tempo - 20/09/14 - 03h - Estiagem faz a produção de Janaúba e região cair 20% - Queila Ariadne - O clima é quente e a vegetação é seca. Mas, tendo água, o que se planta dá. O problema é que, no Norte de Minas, a água é escassa e a agricultura precisa da irrigação, que depende da chuva para manter rios e reservatórios cheios. Com o esvaziamento da barragem Bico da Pedra, desde maio de 2013 o Projeto Gorutuba está fornecendo apenas metade da água para irrigação em Janaúba e região.O resultado salta aos olhos, nas plantações abandonadas. “A produção caiu em média 20%”, estima o presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge Luís de Souza. Segundo ele, os preços ainda não foram afetados, mas a qualidade da fruta sim. “Ainda não estamos em crise, mas a espada está apontada para a nossa cabeça”, diz Souza. Sem ter água como antigamente, a saída para muitos produtores foi deixar de lado parte das lavouras. O produtor de banana Gustavo Lage, diretor da Banarica, em Nova Porteirinha, deixou de plantar 70 hectares (ha). Para cada ha plantado, o investimento é de R$ 25 mil. “Eu tinha 310 ha e reduzi para 240 ha. Estimo um prejuízo de aproximadamente R$ 900 mil. Sem falar no que deixei de ganhar, pois, cada ha produz em média 25 toneladas de banana. Cada ha daria cerca de mil caixas de banana por ano, ou seja, deixei de vender 70 mil caixas”, calcula Lage. Ele investiu na perfuração de poços artesianos, como alternativa para salvar a qualidade das frutas e não perder mercado. “Num momento em que os produtores estão ganhando menos, ainda precisam investir mais”, afirma Lage. Do lado da propriedade de Lage, a situação da fazenda Uvale foi ainda mais drástica. “Eram 388 ha e tivemos que abandonar 150 ha. E ainda tivemos que derrubar os pés, porque, se deixarmos, vira um laboratório para pragas”, conta o encarregado Laurimar Bento dos Santos. O dono da fazenda, Juarez Carlos de Oliveira, prefere nem contabilizar as perdas. “Se eu parar para fazer contas, eu desanimo”, lamenta. De 150 empregados, 30 foram demitidos. O presidente da Associação dos Produtores Irrigantes da Margem Esquerda do Rio Gorutuba (Assieg), Oscar Magário, afirma que a quebradeira só não foi maior porque choveu em dezembro do ano passado. “Eu estou aqui ha 20 anos e ninguém nunca tinha visto uma seca como essa e ninguém sabia o que fazer. Então, juntamos os dois distritos, criamos uma comissão. Reduzimos a irrigação de seis dias para três dias e meio. A banana estava mal acostumada e tivemos uma perda de até 50%. Hoje, essa perda já foi reduzida para 35%”, conta.

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