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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um doente em agonia Manoel Hygino - Hoje em Dia O tempo segue vário, adjetivo utilizado pela “Folhinha Mariana”, por décadas e décadas consultada pela gente humilde do interior mineiro para saber o que a aguardaria após a semeadura e plantio. E se as chuvas não chegarem em 2014, como aconteceu no inverno do ano passado? A situação não afeta somente as represas que abastecem de água e movem as turbinas do sistema energético. Já estamos em um novo ciclo e o sertanejo olha para o céu – sem nuvens. Nas cidades, espera-se que a água bendita baixe a poeira e carregue a sujeira das ruas. Nos burgos menores, fazem-se novenas e promessas. E a chuva... nada. Leio que os meteorologistas estão otimistas com mudanças a partir de outubro. Mas será época de eleições. Chuvas não poderão atrapalhar o comparecimento do eleitorado às urnas? No Norte de Minas, as temperaturas serão dois graus a menos, causados por El Niño, fenômeno que só mais recentemente surgiu no panorama climático. A perspectiva é de mais chuva na região central do Brasil, podendo também ajudar a região mineira de seca. Se os meteorologistas estiverem certos, claro. Parece existir uma conspiração firme e incessante contra as fontes naturais do progresso e da grandeza nacionais. Estamos ampliando o precipício a que seremos atirados irreversivelmente. Poderia parecer catastrofismo, se se disser que há generalizada falta de consciência sobre nossa responsabilidade perante as atuais e futuras gerações. E não somente dos políticos. É algo muito pior do que o terremoto que abalou o norte da Califórnia, como aqui descrito pelo jornalista Ricardo Galuppo, e do que o do Chile e no Peru, no último domingo. A nossa tragédia poderá durar décadas e séculos. Escrevi que o São Francisco agoniza. Não é força de expressão. O experimentado advogado e conhecedor dos problemas regionais deste Estado, Petrônio Braz, evocou, há poucos dias, o pernambucano Salomão Vasconcelos: “Em menos de cem anos, o rio São Francisco será apenas um grande cânion, cortando um extenso deserto central”, como há decênios ouvi de conceituados técnicos. O que foi feito de concreto? O próprio Petrônio raciocina: “Hoje, estamos convictos dessa dolorosa realidade. Em menos de uma geração, nós, brasileiros, destruímos o rio São Francisco. Muito se tem falado, demagogicamente, em defesa do rio São Francisco, em revitalização, em desassoreamento, e até em hidrovia – idiotas de gabinete –, mas nada, absolutamente nada, foi feito ou está programado, de forma positiva, realista. O governo federal ainda persiste com o faraônico projeto de transposição das suas águas para o Nordeste, como se fosse possível transformar um doente em agonia em doador de sangue”. Catastrofismo? Repito a pergunta. Não me parecem alvissareiros os horizontes. Há poucos dias, o diretor do Operador Nacional de Sistema previu que as hidrelétricas em operação deixariam de receber, em agosto, 13% de volume de água para atender ao sistema elétrico. Além do mais, já se sabia que as usinas do Sudeste e do Centro-Oeste passariam, em agosto e setembro, pelo período mais crítico dos últimos anos. E setembro está aí.

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