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Mensagem: Os preocupantes abalos sísmicos Manoel Hygino - Jornal Hoje em Dia Ouvia-se antigamente falar em tremores de terra em Minas Gerais. Ficaram famosos, e serviram até ao anedotário, os de Bom Sucesso, no Oeste mineiro, terra natal de Cícero Ferreira, primeiro médico de Belo Horizonte e berço da família Guimarães. Mas persistia, mesmo assim, a versão de que o Brasil se preservara de terremotos, embora abalos sísmicos ocorressem. Recentemente, a sucessão de tremores em Montes Claros, a maior cidade norte-mineira e sua área de influência, despertou a atenção para o problema, principalmente porque a imprensa, ativa, deu ênfase aos fatos. Equipe da UnB, que visitou o município entre 9 e 13 de abril deste ano, elaborou um relatório que faz pensar. O documento admite que a falha sismogênica tem dimensão maior do que a anteriormente encontrada em 2011/2013, com “ativação de um novo segmento”. Os técnicos dizem ainda: “Não é possível prever como a atividade sísmica vai evoluir. Não há estudos capazes de auxiliar na previsão de tremores. Esta dificuldade faz parte da natureza e não resulta de falta de equipamento ou insuficiência de maiores estudos geológicos, geofísicos ou sismológicos. Diante desta incerteza, só é possível comparar com as dezenas de outros casos já ocorridos no Brasil”. Quer dizer: o problema vem de longe no tempo, como, aliás, conta o especialista no assunto José Alberto Vivas Veloso, no livro “O terremoto que mexeu com o Brasil”. O autor focaliza principalmente os abalos em João Câmara, cidade potiguar, e o tremor ocorrido em 30 de novembro de 1986. Mas não se resume o registro a esse tremor mais lembrado, como leio no montesclaros.com, do jornalista Paulo Narciso. O tema aprofunda-se. Resgatam-se, assim, fatos do segundo império, quando o imperador, embora preocupado com os problemas literários, mas também científicos, determinou a primeira pesquisa sismológica nacional. Hoje, os políticos parecem não se interessar tanto pelo assunto. Mas Pedro II, em 9 de maio de 1886, estava no palácio em Petrópolis, às 15 horas, quando sentiu a terra tremer. Vivas Veloso anotou: “Meu livro mostra que não só existem terremotos no Brasil, como eles podem trazer problemas às pessoas e às cidades. O principal tremor, em João Câmara, com magnitude 5.1, danificou mais de 4.000 construções e criou um continente de 26 mil desabrigados”. O sismólogo se avalia: “Não dá para ser um cientista de sangue frio o tempo todo. Na experiência de acompanhar sequências sísmicas com duração de dias e semanas no Rio Grande do Norte, no Ceará, em Pernambuco e em Minas Gerais, particularmente em cidades pequenas, percebo que logo surge uma afetividade entre o sismólogo e os habitantes locais. Aí a responsabilidade aumenta, porque você não está apenas registrando abalos de terra, mas lidando com a segurança e o bem-estar das pessoas”. Esta é exatamente a sensibilidade que deve impregnar os que zelam pela segurança das comunidades, especialmente lembrados no período eleitoral. Temos de mudar essa mentalidade e pensar na sofrida existência dos milhões de brasileiros que dependem da assistência do poder público até para sobreviver.
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