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Mensagem: 31 de março, 1964 Manoel Hygino - Hoje em Dia O ambiente era de tensa expectativa em março de 1964. Esquerda e direita trocavam acusações e levantavam suspeições. O presidente João Goulart, acolitado por comunistas, tentaria impor um novo regime político ao país. O governo vivia um momento de radicalização, com apoio do Comando Geral dos Trabalhadores e da UNE. Desejava que de imediato se fizessem reformas de base – agrária, urbana, bancária, fiscal e eleitoral. Os Estados Unidos eram denunciados por pregar um golpe contra as instituições. Em 13 de março, na estratégica Central do Brasil, no Rio de Janeiro ainda capital da República, uma imensa massa de pessoas, com bandeiras desfraldadas e faixas apelativas, inundava a área em meio a gritos de convocação. A 300 mil participantes, Jango anunciou as reformas e a proibição da remessa de lucros para o exterior e estatização das refinarias de petróleo. Decretava-se a desapropriação de terras e exige nova Constituição. De noite, pensei: vem coisa pesada aí. No dia 19, promoveu-se a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo, reunindo 500 mil pessoas no trajeto da Praça da República à Praça da Sé. A situação deteriorava, sentia-se inquietação no semblante das pessoas. Tinha-se medo. No dia 31, em Ouro Preto, iniciava-se o julgamento do chamado “Crime das Irmãs Poni”, senhoras da alta sociedade, experts em armas de fogo e com as quais praticavam tiro ao alvo. Eram Etel e Edina, esta esposa do alto dirigente da Companhia Morro Velho, da não menos ilustre família Melo Viana, de que fora vice-presidente da República na gestão Washington Luís. O empresário tinha ou tivera um caso com Maria de Lourdes Calmon, jovem e bela pernambucana. O desfecho foi num confortável restaurante na antiga capital dos mineiros. Acompanhadas do jornalista Odin Andrade, elas foram ao estabelecimento e executaram a mulher, que lá já se encontrava. Acontecimento social e policial importante. No início do julgamento no fórum local, a elite, inclusive alguns testemunhas, lá se encontrava. A imprensa do país se reunia para o epílogo. Pela revista “Manchete”, estava eu; pela “Cruzeiro”, José Franco. Um acontecimento, enquanto se recebiam informações desencontradas sobre a movimentação das tropas do general Olympio Mourão Filho em direção ao Rio de Janeiro. As comunicações eram precárias. Tinha-se de fazer fila na telefônica local, bem distante do Fórum, para mandar notícias paras redações em Belo Horizonte, Rio de Janeiro ou São Paulo. Fábio Martins, hoje professor da UFMG, se esforçava para manter bem informados os ouvintes da Itatiaia. Não esperamos a noite toda. Pegamos os carros e voltamos à capital mineira para estarmos mais perto dos fatos de 31 de março, quando 1º de abril se anunciava. A serra estava invadida por uma névoa densa e perigosa. Os faróis na rodovia demonstravam que havia mais do que um júri na velha Vila Rica.
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