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Mensagem: Os Morrinhos Que Nos Fizeram Sonhar José Prates Estão aqui, na minha frente, na mesa do computador, dispostas acima do monitor, as miniaturas da Igreja dos morrinhos, como, também de um catopé, um marujo e um caboclinho. É Montes Claros sempre presente em nossa memória e por isso, relembrada todos os dias quando chegamos ao computador para a crônica diária. Primeiro, nossos olhos vão para a pequena Igreja e nela penetramos em pensamento, pedindo a proteção Divina. Depois olhamos e cumprimentamos o caboclinho, o marujo e o catopé que nos responde com sorriso nos lábios. Essa lembrança nos agrada. São dois ou três minutos que nos detemos diante das miniaturas para transformá-las mentalmente em reais, nos permitindo a sensação de estarmos pisando o solo montesclarense, acompanhando a procissão do Divino. A Igrejinha, então, é a que nos traz maiores e melhores recordações. Jovens, eu e Afra minha esposa, então noivos, aos domingos, íamos aos morrinhos. Sentados num bloco de pedras, contemplando a cidade aos nossos pés, sonhávamos com a vida de casados e fazíamos projetos, alguns realizados, outros esquecidos. Nunca estávamos sozinhos. Outros casais, também, aproveitavam a beleza e o silêncio do lugar para dar ao namoro o romantismo que embelezava o encontro distante de olhos fiscalizadores que destruíam a beleza romântica do encontro. Hoje, não creio que existam casais com esse propósito porque o tempo mudou. O romantismo ficou no passado. Os encontros amorosos são diferentes, perderam a inocência poética quando chegou a permissividade dizendo-se fruto da modernidade. Os morrinhos, hoje, pelo que eu soube, estão no centro da cidade e o volume de tráfego destruiu a beleza e o romance que não existem no burburinho do centro, onde a presença maior é o comércio que não aceita romantismo. A cidade levada pelo desenvolvimento industrial e comercial atraiu muita gente de fora e cresceu, estendendo-se por todos os lados e os morrinhos chegaram ao centro sem perder a sua beleza, mas, sem o romantismo que o cercava, contagiando os visitantes. O lugar perdeu o romantismo como o namoro perdeu a inocência. São os morrinhos, simplesmente um endereço ou ponto de referência na cidade grande. Em nossa mente, porem, estão os antigos morrinhos que nos deram momento de vida cheia de sonhos. (José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)
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